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Disciplina militar na escola

Olá, tudo bem?

Muitas escolas militares espalhadas pelo país já utilizam a rígida disciplina militar dentro de seus muros, mas você sabia que escolas tradicionais estão usando da mesma metodologia?

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A Escola Altair da Costa Lima, em Salvador, não é um colégio militar, mas é uma das primeiras instituições de ensino a receber o modelo batizado de Vetor Disciplinar, resultado de um acordo de cooperação técnica entre a Polícia Militar da Bahia e prefeituras que enxergam no método de disciplina da PM um caminho para melhorar os resultados de suas unidades de ensino básico. No caso do Vetor, as escolas seguem geridas pelas prefeituras e recebem policiais militares da reserva  para atuar no âmbito disciplinar. Nesse caso, o custo para implantação do modelo fica a cargo do município.

Rotina

De acordo com o novo regimento da escola, criado com a implantação do sistema, as garotas devem prender o cabelo em coque e é proibido o uso de penteado exagerado ou cobrindo a testa. Batom e esmalte não podem ter cores vivas. Os meninos devem manter os cabelos com corte em máquina nº 2 para as laterais e nº 3 para a parte superior, sem topete, franja ou pintura. A cada 20 dias, os alunos passa por uma revista de cabelo.

Todos devem manter a camisa dentro da calça e usar sapatos pretos fechados. Dentro da sala, cada aluno tem o seu lugar determinado. Além disso, as salas ganharam janelas de vidro nas portas, o que permite que os tutores disciplinares (policiais militares) monitorem a todo momento o comportamento dos estudantes. O líder da turma, que muda a cada dez dias, recebe os professores batendo continência e informa se estão todos ali ou se há alguma ausência.

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Entre as transgressões graves estão as agressões físicas ou verbais contra professores e funcionários, roubo, assinar pelo pai ou responsável algum documento escolar e a posse de bebidas alcoólicas, drogas ou material explosivo. A depender da falta que cometa, o aluno pode ser advertido, repreendido, retirado da aula ou suspenso das atividades. Desse modo, ele vai recebendo subtrações decimais gradativas em sua nota de comportamento. Caso fique com nota disciplinar abaixo de 2, seu comportamento é considerado incompatível e ele deverá ser transferido para outra escola do município.

Motivo

Os motivos da adoção do sistema foram: violência dentro e no entorno da escola, aumento do consumo e do tráfico de drogas dentro da instituição, queda no rendimento dos alunos que foi traduzido no resultado do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica): a Bahia ficou em último lugar do país em duas categorias.

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Entre contentes e descontentes, estão alunos e professores. Uma parte dos professores não concorda com a rigidez militar, outros concordam com o programa pelos resultados que ele já apresentou até o momento. Entre os alunos também não há unanimidade, mas, longe de ser maioria, muitos alunos já sentiram uma mudança drástica em alguns pontos, como brigas e consumo de drogas. Há, ainda, aqueles que toleram o método pela melhoria do ensino, que segundo eles, é visível.

Penso que todo radicalismo (à esquerda ou à direita) é perigoso, e o que vejo nesse caso é uma medida desesperada para salvar uma escola. Se os resultados forem satisfatórios (e pelo que li os resultados realmente melhoraram), vale o esforço inicial, desde que a rigidez passe por uma reavaliação periódica. Também não dá para aceitar que, no outro polo da discussão, aja uma orientação para que escolas públicas não considerem mais certo ou errado, e sim adequado ou inadequado. Exemplo: se o aluno escrever “bicicreta”, mas a palavra está no contexto correto, o professor pode considerar a frase adequada. Assim, nem tanto para um lado, nem tanto para outro. Mas numa sociedade radicalizada, medidas radicais encontram cada vez mais eco.

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E o que você acha?

Até a próxima!

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Fonte: BBC

8 comentários em “Disciplina militar na escola

  1. Basicamente, estão ensinando que manda quem pode, obedece quem tem juízo. Enquanto no resto do mundo desenvolvido modernas técnicas de ensino, cada vez mais “indivuidualizadas” são adotadas, porque não apenas melhoram a aprendizagem, mas criam pessoas mais capazes de lidar com os outros, de respeitar, etc, no Brasil, graças a gente preconceituosa e mesquinha, adota-se a filosofia da violência. O que estão fazendo com estes alunos é uma violência, e é isso que eles vão aprender mais, independentemente dos “resultados acadêmicos” melhorarem…

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  2. Rsrs Vou rir primeiro, mas não é de deboche. Eu não gosto disso, mas compreendo.
    Sei lá, para mim, respeito se conquista, não se impõe. E educação vem de casa.
    Saber disso é uma novidade para mim e agradeço.
    Não consigo ser contra, nem a favor. Eu só acho que a educação não deveria ser assim.
    Parece um pouco com os pupilos do exército, q há em Portugal.Não é o colégio militar que tb existe, mas é como se fosse um colégio militar não oficial. Se for, o que parece bom em disciplina, não é bom para outros aspectos da formação. Há casos de bullying, de castigos terríveis e até suicídio. Ou seja, o rigor não é bem a salvação.
    Vc vai me perguntar,… então onde está a salvação? Rsrsrs
    Respondo: em casa.
    Rsrs

    Curtido por 2 pessoas

    1. É isso mesmo, educação vem de casa. O grande problema é que quando a casa não educa, o Estado passa a ter que educar, mas o Estado brasileiro não tem intenção de educar, ele quer manter o status quo, quer manter as relações de poder existentes, então cria cidadãos com o medo transformado em disciplina.
      Achei a medida muito radical.
      Abraço.

      Curtido por 1 pessoa

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