Olá, tudo bem?
Uma outra polêmica envolvendo uma exposição de arte teve lugar, agora em São Paulo.
O MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo está com a exposição 35º Panorama da Arte Brasileira, que mais que explicitar a diversidade da sociedade brasileira, busca ressaltar a multiplicidade de tempos que compõem nosso momento histórico. São diversas áreas apresentadas, como a dança, as construções arquitetônicas, audiovisual, escultura, fotografia e palavra. Mas o que era para ser apenas mais uma exposição de arte se tornou caso de justiça, de ódio, de violência e de insensatez.
Dentre as obras de arte está a chamada “La Bête“, inspirada no trabalho de Lygia Clark. “Bichos” é considerada a obra viva da artista, pois sua intenção era de que a arte ultrapassasse os limites da superfície de um quadro. A série de esculturas com dobradiças permite que o espectador se torne figura ativa na obra, e foram construídas em formas geométricas para que não parecessem animais, mas que permitissem uma visão livre do que a peça representava.
E em “La Bête” o artista manipula uma réplica de plástico de um das esculturas da série e se coloca nu, vulnerável e entregue à performance artística, convidando o público a fazer o mesmo com ele.
Ficar nu por si só já causaria polêmica, mas o vulto ficou maior quando uma mulher levou sua filha junto e permitiu (incitou, fomentou, promoveu, deixou, coloque o verbo que quiser) que a mesma interagisse com o artista. Essa atitude suscitou, novamente, grande “clamor” nas redes sociais e na mídia. Novamente, movimentos sociais que se colocam como bastiões da moralidade e dos bons costumes e que se dizem defensores dos valores da família brasileira (eu sinceramente nada vejo além de hipocrisia), aliados a políticos de bancadas conservadoras (religiosa e militar), vociferaram contra o MAM e contra a exposição. Pediram o fechamento da exposição, fizeram manifestação e tudo mais.
Mas então o MAM divulgou uma nota, onde informa que a sala onde estava acontecendo essa performance estava devidamente sinalizada e que o evento não estava sendo feito em local aberto.:
“O MAM esclarece mais uma vez que a performance ‘La Bête’, realizada na abertura da Mostra Panorama da Arte Brasileira, se deu com a sala sinalizada, incluindo a informação de nudez artística, seguindo o procedimento regularmente adotado pela instituição de informar os visitantes quanto a temas sensíveis”.
Movimentos sociais, políticos, religiosos, esquerdistas, direitistas, enfim, todo mundo tem direito de expressar a sua opinião sobre qualquer coisa. Se a exposição foi, para alguns, de mau gosto, OK. Você tem o direito de não ir à exposição e expressar em suas redes sociais e círculos de amizade a sua insatisfação. Se você gostou, da mesma forma, tem o direito de achar tudo legal e promover a visita. O que não dá para conceber é a possibilidade de censurar uma exposição de arte em local privado, com todas as sinalizações e avisos possíveis. Pior: dizer que a citada obra de arte incita a pedofilia, pois uma criança estava interagindo com o artista nu.
+ Veja também: Obra de arte ou intolerância?
Eu não sei se estou sendo claro: a exposição com um artista nu estava acontecendo em uma sala com o aviso do tipo de apresentação que estava ocorrendo no ambiente. Todos que estavam ali estavam cientes do que iriam ver. Uma mulher resolveu levar sua filha pequena para essa interação. Pergunto: o museu é o culpado? A exposição tem que fechar? Se alguém incitou a pedofilia não foi a própria mãe? Eu concordo que aquele não era o ambiente para uma criança, que não deveria existir nenhum tipo de interação de uma criança com um homem nu visto todos os problemas que podem acarretar dessa atitude, mas a sala tinha informações e mesmo assim a mãe resolveu levar a criança. O MAM não tem culpa!

Esse tipo de discussão: se isso é arte ou não; se está incitando a pedofilia ou não; “o museu tem que fechar”; “isso é coisa de canalha”; “isso é coisa de comunista”; “artista vagabundo”; etc, etc…, mostra, acima de tudo, como a nossa sociedade está doente, em estágio terminal, do câncer chamado hipocrisia.
Até a próxima!
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Tempos difícieis……
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Agora defendo aqui a posição do museu, será q vou ser chamada de mortadela. Hummmm..!?!?
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Provavelmente “comunista”, “petista”, e outras qualificações do gênero.
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Ai, aqui de longe já estou p vomitar com mais essa polémica.
Era uma mostra privada e havia um aviso.
Alguém entrevistou a mãe?
A sociedade brasileira está doente.
Eu manifestei-me numa rede social a continuação da investigação da lava jato e todas as outras q estão em curso. Um rapaz passou-me “na cara” o Aécio. Ora, quer dizer agora q sou apoiante de Aécio, de Temer?! Agora, por defender investigação contra qq corrupto, fui classificada de coxinha. Qdo não sou nem coxinha, nem mortadela. Tá tudo doido.
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São opiniões muito extremistas, ou você é uma coisa ou você é outra. Não existe meio termo. E o que é pior é não haver diálogo, apenas ódio em forma de palavras.
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